Primeiras Missas do Brasil
Quatro dias após ter chegado em Porto Seguro, no Domingo de Páscoa, em 26 de abril de 1500, Cabral determinou que se realizasse uma missa no ilhéu da Coroa Vermelha. Foi a Primeira Missa celebrada em solo brasileiro e o evento foi documentado pela Carta de Caminha. Era o último ano do século 15.
Cabral ordenou a presença de todos os capitães na Missa. Mandou armar um esperavel, e dentro dele um altar mui bem corregido.
A Primeira Missa foi celebrada pelo frei franciscano Henrique Soares de Coimbra, auxiliado pelo padre Marcos de Oliveira Ferreira. No total, eram oito frades, todos franciscanos, todos presentes e todos rezaram em latim.
A bandeira de Cristo, trazida por Cabral de Belém, ficou hasteada durante a Missa. Não há menção de Caminha quanto a existência de uma cruz na Primeira Missa.
Acabada a Missa, frei Coimbra desvestiu-se e subiu numa cadeira alta, de onde fez uma pregação do Evangelho, terminando com referências à chegada dos portugueses na terra achada.
A cerimônia foi também acompanhada pelos tupiniquins. No final, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço. Esse foi o primeiro registro da música e da dança brasileira.
Elevação da Cruz em Porto Seguro, tela de Pedro Peres (1879). Conforme o relato de Caminha, a grande Cruz foi usada apenas na Segunda Missa, celebrada em 1º de maio.
A Cruz e a Segunda Missa - 1º de maio
A Primeira Missa, em tela de Victor Meirelles (1861). A grande cruz, entretanto, só existiu na segunda missa.
Uma grande cruz foi confeccionada por dois carpinteiros, entre 27 e 28 de abril, despertando a curiosidade dos índios, provavelmente devido às ferramentas usadas.
Essa Cruz foi a razão pela qual o rei Dom Manuel batizou o Brasil com o nome de Santa Cruz, em 1501.
Em 30 de abril, Cabral ordenou que os portugueses se ajoelhassem e beijassem a grande Cruz, que estava encostada em uma árvore, na margem de um rio. Buscavam mostrar aos índios a reverência que tinham por aquele símbolo. Os portugueses acenaram aos índios, que os observavam, para que repetissem o gesto, o que fizeram.
Em primeiro de maio, Cabral desembarcou com sua bandeira e definiu um local, na praia, bem visível para se fixar (chantar) a Cruz em terra. Ela foi trazida de onde estava, com os frades franciscanos à frente, cantando como em uma procissão. Apareceram alguns índios que se dispuseram a ajudar a carregar a Cruz. Ela foi, então, fixada com as armas e a divisa do rei de Portugal. Um altar foi armado em sua base e o frei Coimbra rezou a Segunda Missa do Brasil. Os índios presentes acompanharam os portugueses, imitando os rituais. Após a pregação, Coimbra colocou crucifixos de estanhos em vários índios.
Jonildo Bacelar
Fonte: Histórias da Bahia
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