Desconforto pode ser causado por doenças ortopédicas e problemas emocionais; alguns casos exigem tratamento
CÍNTIA PARCIAS
Quase todo pai já passou por isso. Ao cair da tarde ou durante a noite, a criança começa a se queixar de dor nas pernas, sem causa aparente. Não há machucados nem hematomas que sinalizem alguma pancada. Tampouco houve atividade física durante o dia que exigisse esforço muscular exagerado. Mas a dor é real e intensa. Ao acordar na manhã seguinte, a criança está serelepe como sempre. Na semana posterior, e na outra, a cena se repete.
O vaivém da dor faz muito pai acreditar que o chororô do filho faz parte dos desconfortos típicos do período de crescimento, não necessitando de cuidados médicos. A expectativa é que a dor desapareça de uma hora para outra, da mesma forma que chegou. De vez em quando, desaparece mesmo como num passe de mágica. Mas isso não significa que o problema esteja resolvido. A disfunção que resultou em dor, se não tratada, pode trazer muita dor de cabeça e desconforto estético no futuro. Dependendo da freqüência da queixa e da intensidade da dor, a criança deve ser encaminhada ao clínico-geral ou a um ortopedista, que investigará a origem do problema.
Chamada popularmente de dor de crescimento, a disfunção acomete crianças entre 3 e 12 anos. Embora na maioria das vezes não deixe seqüelas, pode estar mascarando algum problema mais sério - daí a necessidade de procurar ajuda médica no caso de queixas persistentes. Em geral, as crianças reclamam de dores profundas e bilaterais, que surgem principalmente na parte anterior das pernas e nas panturrilhas. A origem do desconforto vai de doenças ortopédicas a problemas emocionais.
Controvérsia - Por ter causas tão distintas, a expressão dor do crescimento é rechaçada pela comunidade médica. Até porque não há comprovação científica de que o aparecimento das dores esteja de fato ligado à velocidade do amadurecimento físico. Ao contrário, a maioria das pesquisas descartam essa correlação, já que, pelo menos na infância, o processo de crescimento é tão lento que dificilmente geraria desconforto ou sofrimento. Tampouco há comprovação de que as dores sejam conseqüência do estirão, fase em que a criança dá um salto rápido de altura, lá por volta dos 11 anos. Se fosse assim, só crianças mais altas que o normal reclamariam do desconforto.
''A dor de crescimento ainda é controversa e até hoje não está definida como patologia'', afirma o ortopedista João Carlos Serra, especialista no assunto. Uma das possibilidades mais aceitas entre a comunidade médica é que a dor é causada por um desequilíbrio entre o desenvolvimento de ossos, tendões e músculos. ''Em alguns casos, os ossos crescem em ritmo mais acelerado que tendões e músculos, gerando sensação semelhante à de um estiramento muscular'', explica Serra. Até que chega um momento em que os ritmos se igualam novamente, e o sofrimento cessa.
Em outras situações, porém, a queixa pode significar algo mais grave. Como as chamadas doenças da cartilagem de crescimento, que atingem mais comumente adolescentes entre os 14 e 16 anos. Essa desordem pode se manifestar nos joelhos, tornozelos, calcanhares, quadril e até coluna. Em certos casos, gera pequenas deformidades. O nome da doença varia de acordo com a parte do corpo em que aparece. No joelho - onde ocorre com maior freqüência - chama-se Osgood-Schlatter. E costuma acometer mais meninos que meninas. ''Alguns pesquisadores acreditam que isso se deve ao fato de os garotos usarem mais o físico. Há também a hipótese de que haja fatores genéticos envolvidos'', diz Serra.
Tratamentos - Se não forem tratados, alguns desses casos podem deixar pequenas deformidades. Quem teve no joelho, por exemplo, pode apresentar saliência, como se fosse um calombo, logo abaixo da articulação. Se for no quadril, uma perna pode ficar mais curta que a outra. Diagnóstico precoce (feito por raio X) e ajuda a evitar tal situação.
A terapia adotada varia conforme a área atingida. Nos joelhos, uma das técnicas é usar uma espécie de faixa elástica ao redor da perna, bem abaixo da rótula - como muitos atletas lesionados fazem. No quadril, adota-se medidas fisioterápicas que ajudem a diminuir o apoio nessa região. ''Os males derivados de desordem nas cartilagens de crescimento podem também ser leves e transitórios. O paciente às vezes não dá valor à dor e acaba crescendo sem saber que teve a doença'', conta Serra.
Outra situação freqüente que também costuma ser confundida com dor de crescimento é a lombo-ciatalgia - diferença entre o tamanho das pernas que, mesmo muito pequena, gera dores que se manifestam principalmente à noite. Segundo o ortopedista Lafayette Lage, uma diferença de apenas 3 milímetros já é suficiente para incomodar a criança e trazer mazelas futuras. O tratamento da lombo-ciatalgia é simples: o paciente deve usar uma calcanheira para nivelar o corpo e fazer fisioterapia. ''Em casos mais sérios, é necessário intervenção cirúrgica '', explica Lage.
Se as queixas persistirem, mesmo depois de descartada qualquer patologia física, os pais não devem duvidar nem minimizar o sofrimento do filho. ''Esses casos estão normalmente ligados a problemas emocionais'', diz João Carlos Serra. A criança pode estar passando por momentos de ansiedade, angústia ou insegurança, que são somatizados e acabam transformando-se em desconforto muscular. No momento da crise, a recomendação é fazer massagens, com movimentos suaves que alonguem os músculos. Analgésicos só devem ser usados sob orientação do pediatra.
fonte: jb online
sou voluntario em uma escola de futebol,geralmente mais precisamente os meninos reclamam dessas dores,sou leigo peço logo para ir a medicos da area,o diagnostico é sempre o mesmo é fase do crescimente.Quando aconte na minha presença coloco uma bolsa degelo para ailiviar,estou certo?
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