O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a") é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem oarrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
Há relatos de que o Advento começou a ser observado entre os
séculos IV e VII em
vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal.
No final do século IV, na Gália (atual França) e na Península
Ibérica (atualmente Portugal e Espanha), tinha caráter ascético com jejum,
abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho).
Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos
catecumenos para o batismo
na festa da Epifania.
Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o
aspecto escatológico do
Advento, recordando a segunda vinda do Senhor, passando a ser celebrado durante
5 domingos.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as
igrejas reformadas, em particular a Anglicana, a Luterana, Metodista e a Batista
dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum como preparação para o
Natal.
O tempo do advento e suas características
O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte
mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de
estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do
Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo,
seu amado.
O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30
de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro
domingos.
Esse tempo possui duas características: Nas duas primeiras
semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa
de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. As duas
últimas semanas, dos dias 17 a 24 de Dezembro, visam em especial, a preparação
para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Por isto, o
Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. Uma das expressões
desta alegria é o canto das chamadas "Antífonas do Ó".
O início do advento é conhecido tradicionalmente como o dia
certo para montar a árvore de natal.
Teologia do advento
O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a
dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de
Cristo.
Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo,
constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor, Jesus, que
de fato se encarna e se torna presenças alvífica na história, confirmando a
promessa e a aliança feita
ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e
torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus da Revelação.
Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a
salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos
tempos.
O caráter missionário do Advento manifesta-se na Igreja pelo anúncio
do Reino e a sua
acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras
de João Batista e Maria são
exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer preparando o
caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode
esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa
espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e
indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a
Jesus como referência e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do
anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade do advento
A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores
essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a
pobreza, a conversão. Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a
alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois
aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de
algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A
esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se
consumará definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da
Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa
esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação
das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma
na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das
perseguições, etc.
O Advento também é tempo propício à conversão.
Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança
na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o caminho do Senhor"
nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente contra o pecado, através de uma maior
disposição para a oração e mergulho na
Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência
da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar,
se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos. Pobreza
que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira
humildade, mansidão e posse do Reino.
As figuras do advento
Isaías
Isaías é
o profeta que, durante os
tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na
segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia
a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova
Jerusalém, reanimando assim os exilados.
As principais passagens deste livro são proclamadas durante o
tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os
tempos. Ele que no capítulo 7 do seu livro já anuncia a vinda do Senhor
João Batista
É o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, "mais que um
profeta", "o maior entre os que nasceram de mulher", o mensageiro que veio
diante d'Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (Lc 7, 26 -
28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos
pecados (Lc 1, 76s).
A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta
como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do
Advento. Por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em
especial no segundo e no terceiro domingo.
João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que,
no mundo de hoje, são chamados a também ser profetas e profetisas do reino,
vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na própria
vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo, levando, por sua vez os
homens a despertar do torpor do pecado.
José
São
José com Cristo nos braços
Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi".
José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem
entrar em diálogo e comunhão com Deus.
A celebração do advento
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta
alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos
e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que
realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e
instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena
alegria do Natal de Jesus.
Os paramentos litúrgicos(casula, estola, dalmática, pluvial,
cíngulo, etc) são de cor
roxa, bem como o véu que recobre o ambão, a bolsa do corporal e
o véu do cálice; como sinal de recolhimento e conversão em preparação para a
festa do Natal. A única exceção é o terceiro domingo do Advento, Domingo
Gaudete ou da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em
substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem
próxima. Também os altares são ornados com rosas cor-de-rosa. O nome de
Domingo Gaudete refere-se à primeira palavra do intróito deste dia, que é
tirado da segunda leitura que diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito,
alegrai-vos, pois o Senhor está perto"(Fl 4, 4). Também é chamado "Domingo
mediano", por marcar a metade do Tempo do Advento, tendo analogia com o
quarto domingo do Tempo da Quaresma, chamado Laetare.
No dia do início do Advento são montados o Presépio, a Árvore de Natal e a
Coroa do Advento. Tradicionalmente este é o dia correto para montagem do Presépio e da Árvore de
Natal,apesar de o dia de montar as decorações
natalinas variar em alguns países.
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