Com campanha "criança não namora", CNJ luta contra a erotização infantil.
Em 8 de abril, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) fez uma publicação em sua página do Facebook com o objetivo de chamar atenção sobre a sexualização da infância. Com o mote “Criança Não Namora”, a publicação já alcançou 12 milhões de pessoas e foi compartilhada mais de 150 mil vezes, tornando-se a mensagem em rede social de maior repercussão do CNJ desde a sua fundação, em 2004.
A ideia do post veio da campanha “Criança Não Namora! Nem de Brincadeira”, criada pela Secretaria de Assistência Social do Estado do Amazonas. Entidades de psicologia também têm replicado a iniciativa.
Antes que se diga que a ação é mais um excesso de patrulha politicamente correta sobre uma brincadeira inocente, a educadora sexual Maria Helena Vilela, integrante do Instituto Kaplan, organização não governamental voltada à educação sexual, dá sua opinião.
“É claro que os pais não fazem de forma consciente para prejudicar o filho, mas tem efeitos negativos, porque cria expectativas que a criança não tem condição de lidar”, afirma a especialista, que já gravou em seu canal no YouTube vídeo sobre o tema.
Maria Helena exemplifica. “Há crianças que, ao não serem ‘correspondidas’, sentem-se ridicularizadas, ficam com baixa autoestima. Esse incentivo estimula uma erotização precoce, porque os adultos começam com ‘vai lá, dá um beijo no seu namorado ou namorada’.”
Criança brinca de namorar
A educadora sexual afirma que a criança pode, sim, brincar de namorar, mas que é tão somente a imitação de um papel como qualquer outro, como brincar de professor ou de casinha.
Não se trata de reprimir o filho que chegar em casa falando que tem um namorado, segundo a psicodramatista e terapeuta de família Miriam Barros.
“Basta conversar. Pergunte como é esse namoro. Os pais devem ouvir e pontuar com frases como ‘ah, você gosta de brincar com tal pessoa’, ‘é um amigo, não namorado. Só adultos namoram’”, explica Miriam.
Não se trata de reprimir o filho que chegar em casa falando que tem um namorado, segundo a psicodramatista e terapeuta de família Miriam Barros.
“Basta conversar. Pergunte como é esse namoro. Os pais devem ouvir e pontuar com frases como ‘ah, você gosta de brincar com tal pessoa’, ‘é um amigo, não namorado. Só adultos namoram’”, explica Miriam.
A terapeuta de família fala que, mesmo que façam como uma brincadeira, os adultos que perguntam à criança quem é o namorado dela fazem com que ela desloque seu interesse para coisas que não combinam com a infância.
“O resultado aparece em meninas de nove anos preocupadas com aparência. Em crianças que não querem mais brincar”, afirma Miriam.
Vulnerabilidade
De acordo com a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em desenvolvimento infantil, ao tratar como natural o namoro entre crianças, os pais tornam o filho vulnerável ao crime de abuso sexual.
“A criança que cresce sabendo que namoro é coisa de adulto, que carinhos como beijo na boca só acontecem entre adultos, tem mais condição de estranhar contatos físicos indevidos. Ela é mais capaz de reconhecer o abuso como violência”, diz Deborah.
“A criança que cresce sabendo que namoro é coisa de adulto, que carinhos como beijo na boca só acontecem entre adultos, tem mais condição de estranhar contatos físicos indevidos. Ela é mais capaz de reconhecer o abuso como violência”, diz Deborah.
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