Qual a diferença entre ler para a criança e deixá-la ver uma história em vídeo?
Por Instituto Alfa e Beto
Pare e pense por um minuto: nas últimas semanas, quantas vezes você leu uma
história para uma criança e quantas vezes você optou por colocar um vídeo em DVD
ou na internet para ela? Se a frequência for maior na segunda opção,
recomendamos que você pare mais alguns minutos para ler este texto.
Um estudo
publicado em agosto no periódico Pediatrics (uma das principais publicações
sobre Primeira Infância do mundo) mostrou como o cérebro das crianças reage ao
escutar uma história. Com ajuda de ressonância magnética, os pesquisadores
conseguiram observar que ao escutar um adulto lendo, crianças de 3 a 5 anos de
idade ativavam uma parte do cérebro voltada à integração multissensorial, que
integra som e estimulação visual. Isso significa que elas conseguiam ver a
história dentro de suas cabeças, mesmo que durante o teste elas estivessem
apenas escutando a leitura e sem poder ver as ilustrações.
Segundo o autor principal da pesquisa, John S. Hutton, pesquisador clínico do
Centro Médico Hospitalar Infantil de Cincinnati, nos Estados Unidos, os níveis
diferentes de ativação cerebral sugerem que crianças com mais prática na criação
dessas imagens mentais podem desenvolver habilidades que as ajudarão mais tarde
a compor histórias a partir de palavras. “Isso as auxilia a compreender qual é a
aparência das coisas e pode ajudar na transição a livros sem ilustrações. Vai
ajudá-las posteriormente a serem leitores melhores porque desenvolveram aquela parte do cérebro que as auxilia a ver o que está acontecendo na história.”
De acordo com Hutton, enquanto as crianças estão escutando uma história elas
imaginam as cenas, coisa que não acontece quando elas estão assistindo a um
vídeo. “Elas não precisam imaginar a história, ela está simplesmente sendo
apresentada para elas”, defende. A diferença estaria principalmente no tipo de
linguagem usada nas histórias lidas e nos filmes e desenhos animados. Quando
lemos, fazemos uso de palavras que não usamos no cotidiano ao falarmos com uma
criança. E o vocabulário dos vídeos tende a ser mais oralizado, excluindo certas
palavras e formas gramaticais. Se ficarem apenas ligadas ao que é dito nas
telas, as crianças perderão a oportunidade de criar novas conexões cerebrais.
Ainda que alguns programas possam oferecer conteúdo educativo, nenhuma
animação ou desenho poderá substituir o impacto positivo no cérebro da criança
causado pela leitura em voz alta realizada por um adulto. A leitura revela novas palavras, que ajudam a compor as bases de aprendizagem de cada pessoa. Quando mais cedo esse hábito for desenvolvido, melhor será o impacto ao longo da vida.
Fonte EBC
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