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As Bromélias e a Dengue

As Bromélias e a Dengue

A realidade e os exageros em relação a esta associação

Diante do grave risco que a dengue vem representando nos últimos anos para a saúde pública, é importante esclarecer até que ponto é verdadeira a associação que tem sido feita entre as bromélias e esta epidemia.

O vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, é um inseto exótico (vindo do exterior) originário da África, que não existe no Brasil de forma silvestre (na natureza).

Em nosso país eles se tornaram insetos urbanos, vivendo apenas nas cidades, sendo raríssimos os registros da ocorrência de larvas de Aedes aegypti na Natureza, em particular nas Bromélias, e quase sempre esta ocorrência pode ser associada a alguma forma de desequilíbrio ambiental.

Tal fato se deve à necessidade que este inseto tem de desovar apenas em águas razoavelmente limpas, sem material orgânico em decomposição, e preferivelmente de pH alcalino, condições estas dificilmente encontradas em depósitos naturais de água das chuvas, e em particular no interior das bromélias.

Destruir bromélias nas matas serve portanto apenas para piorar o equilíbrio já bastante precário de nosso meio ambiente, e em nada contribui para o combate da dengue.

É verdade que muitas bromélias acumulam água entre suas folhas, nas quais pode ocorrer o desenvolvimento de mosquitos.

Mas o mosquito que normalmente procria em bromélias é do gênero Culex, que nada tem a ver com a dengue, e mesmo a desova deste outro mosquito, ou eventuais desovas de Aedes aegypti em bromélias mantidas em casa podem ser evitadas com facilidade.

Nem todas as bromélias possuem um formato que lhes permita acumular água entre as folhas.

As que o fazem, são chamadas de bromélias tanque dependentes.

Gêneros como Cryptanthus, Orthophytum, Dyckia e muitos outros são desprovidos de tanques, e como não acumulam água, não requerem portanto nenhum cuidado especial.

A maioria das bromélias do gênero Tillandsia, e em particular as de folhas “prateadas”, são totalmente desprovidas de tanques, e portanto não podem servir de criadouro para nenhum tipo de mosquito.

Estas bromélias possuem uma enorme capacidade de absorver do ar toda a umidade e nutrientes de que precisa, podendo sobreviver sem nenhum tipo de substrato ou adubação.

Grande parte das bromélias dos gêneros Vriesea e Guzmania, muito difundidas atualmente por suas vistosas e duráveis inflorescências, embora dotadas de tanques, podem ter os mesmos mantidos sem água, bastando para isso que o substrato do vaso seja molhado uma vez por semana, e que a planta seja mantida abrigada das chuvas. Se não existir o acumulo de água nos tanques, não existe procriação de mosquitos.

A maioria das bromélias dos gêneros Aechmea, Neoregelia, Billbergia, entre muitos outros, são tanque dependentes, e portanto precisam de água acumulada entre suas folhas. Na natureza entretanto, esta água é normalmente rica em material orgânico, e portanto imprópria para o desenvolvimento do Aedes aegypti.

Mas existem cuidados simples que podem evitar que estas plantas em cultivo se tornem criadouros de qualquer tipo de mosquito, sem que tenhamos que eliminar as plantas, quer elas estejam em vasos, árvores ou jardins.

Dissolver uma colher de sopa de água sanitária (hipoclorito de sódio) em um litro de água e colocar esta solução no tanque das bromélias semanalmente, elimina a criação de mosquitos, matando inclusive larvas já existentes nas plantas.

Procure utilizar água sanitária de boa qualidade, sem perfume ou outro aditivo qualquer, e não exagere na dosagem para não matar suas plantas. Eventualmente a aplicação desta solução de hipoclorito de sódio pode servir como indutor floral, mas a planta solta brotos laterais normalmente.

Outra solução que pode ser utilizada consiste em ferver cem gramas de fumo de corda em um litro de água durante dez minutos. Coar e completar novamente um litro. Quando for utilizar, dissolver 50 ml desta solução por litro de água e completar o tanque das bromélias uma vez por semana.

Esta solução além de combater os mosquitos, tem bom resultado também no controle de pulgões e cochinilhas.

O cheiro da borra de café (pó já utilizado para o preparo da bebida) também espanta os mosquitos evitando que os mesmos desovem nas bromélias.

Misture duas colheres de sopa de borra em um litro de água e complete o tanque de suas bromélias duas vezes por semana.

Uma vez por mês (ou antes se necessário) esvazie e lave as bromélias para evitar que o acumulo de borra possa sufocar suas plantas.

Cuidados simples como estes eliminam qualquer risco por mais remotos que sejam de suas bromélias se tornarem criadouros de qualquer mosquito, e um difícil mais possível foco de disseminação da dengue, e permitem que você continue a desfrutar da companhia de tão belas plantas sem nenhum risco.

Se você ainda tem alguma suspeita de que suas bromélias possam vir a lhe trazer problemas com a dengue, saiba que não foi registrado nenhum caso da doença entre colecionadores, cultivadores ou produtores de bromélias em nenhum Estado do Brasil. Pura sorte?


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