Há registro de que a primeira versão da história do "Boitata" foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo tupi Mbaetatá - coisa de fogo. A idéia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, " Veio a imagem da marcha ondulada da serpente ". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular. Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem dois faróis, couro transparente, que brilha nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Conta a lenda que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão , houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado afim de se protegerem. A boiguaçu, (Mboi=serpente, cobra / Guaçu=Grande) uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia , os olhos dos animais. E de tanto comê-los vai ficando toda luminosa , cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em um conjunto de pupilas rutilantes , uma bola de fogo, um clarão vivo, a boitatá (cobra de fogo). Ao mesmo tempo sua pouca alimentação deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego , morrer ou até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar e de olhos bem fechados. A tentativa de escapulir apresenta riscos porque a boitata pode imaginar a fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul , acredita-se que a " boitatá " é a protetora das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura brasileira.
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