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A formação da linguagem depende de estímulos. E você é peça fundamental ao oferecer as ferramentas necessárias para este processo acontecer da melhor maneira. Confira aqui como a fala se desenvolve .
Angela Miguel

As primeiras palavras do bebê – que nem palavras são, apenas balbucios – deixam toda a família orgulhosa. Até completar um ano, a criança se comunica com sons diversos e inicia a chamada fase da lalação, quando une duas letras como “da-dá”. De um a dois anos, começa a construir frases com duas ou três palavras. E a partir do segundo ano, inicia as perguntas curtas como “o que é isso?” e, ao completar 3, a fase do “por quê?”.
Mas para o pequeno desenvolver a fala da melhor maneira, é imprescindível que haja uma boa comunicação entre pais e filho. Afinal, é responsabilidade dos primeiros auxiliar os pequeninos e estimulá-los a exporem seu desejo.
Confira a seguir, as respostas para as dúvidas mais freqüentes de como acontece esse processo:

P: Quando o bebê começa a se comunicar?

R: Assim que ele nasce. Primeiramente, é através do choro que ele faz as pessoas perceberem sua presença e atendam suas necessidades. É desta maneira que ele consegue “dizer” aos pais que está com fome, frio ou com dor, por exemplo. Com o passar dos meses, o nenê fica atento ao que acontece e ouve ao seu redor para tentar imitar. Os estímulos da família são essenciais para encorajá-lo a emitir os sons. Assim, a criança passa a adquirir experiências, e, lentamente, assimilar a linguagem e os significados das coisas permitindo a formação de seu conhecimento e a interação com o mundo.

P: Existe uma idade exata para o início da fala?

R: O desenvolvimento da fala varia entre as crianças. No entanto, estudos apontam que ao final do primeiro ano de vida, elas contam com boa bagagem de palavras que as capacita a se comunicar ainda que, na maior parte das vezes, não sejam compreendidas. Geralmente, o bebê arrisca algumas palavrinhas entre o 10º e o 18º mês de vida; até o segundo ano, consegue se expressar com um pouco mais de facilidade e a partir do terceiro ano, com seu vocabulário mais extenso, é capaz de formar frases.
P: A mãe pode ajudar no desenvolvimento da fala do bebê ainda na gravidez?

R: Sim. Está comprovado que o sistema auditivo do feto está completamente formado no 5º mês de gestação. Diante disso, estudos mostram que, na gravidez, a criança reage a diversos sons, inclusive à fala, e, em especial, à voz da mãe. Assim, é muito bom que a mãe e a família conversem com o bebê durante os nove meses.
P: Conversar com a criança é a melhor maneira de estimulá-la a falar mais cedo?

R: Qualquer atitude que envolva comunicação entre o bebê e as pessoas ao redor favorece o processo do desenvolvimento da linguagem dele. Por isso, os especialistas sugerem que, durante as tarefas de rotina (como o banho, a troca de roupas e amamentação), tudo seja descrito ao pequeno de forma lúdica utilizando expressões como “a água está quentinha”, “olha que banho gostoso!” ou “vamos lavar a mãozinha..... a barriga...o pé....”, entre outras. Dessa maneira, a mãe cria uma espécie de trilha sonora que acompanha todas as ações com o filho e, naturalmente, desperta a vontade do pequeno se comunicar.
P: É verdade que as meninas falam mais cedo que os meninos?

R: Ainda que seja o mais freqüente, não há uma regra clara que comprove a maior facilidade das meninas no desenvolvimento da fala. Alguns estudiosos do desenvolvimento infantil dizem que, embora todas as crianças passem em geral pelas mesmas fases, isso acontece em ritmos diferentes. É comum pensar que os meninos, geralmente mais agitados e ativos, desenvolvem com maior rapidez as habilidades motoras, enquanto as meninas desenvolvem a fala. Porém, há diversos fatores que interferem no processo, como as características individuais de cada criança ou mesmo a influência do ambiente.
P: A amamentação também é um exercício para a fala?

R: O ato de sugar promovido pela amamentação estimula movimentos dos lábios, línguas e bochechas, além de ajudar no desenvolvimento ósseo. Essas estruturas do rosto e da mandíbula são fundamentais para a produção dos chamados fonemas, os sons da fala. Portanto, o aleitamento materno tem um papel fundamental neste processo.
P: A música também pode auxiliar neste sentido?

R: Depende da forma como ela será apresentada à criança. Uma música qualquer talvez não faça muita diferença. Porém, se os pais, selecionarem canções com um refrão repetido diversas vezes que desperte o interesse e a atenção do bebê, poderá funcionar como um estímulo para que ele repita as palavras.
P: Crianças de dois anos que não falam devem ser motivo de preocupação?

R: Caso a criança produza pouco ou nenhum tipo de som até o segundo ano, é, sim, motivo de preocupação. Como já foi colocado, a fala é um processo que se inicia nos primeiros meses com sons incompreensíveis. Por isso, se a criança sequer é capaz de produzir tais sons, algo está errado. Os pais devem observar, em especial, a audição, já que ela é indispensável para o desenvolvimento da fala. O mais indicado é procurar ajuda de um fonoaudiólogo que irá fazer uma avaliação e orientar sobre o tratamento mais indicado para a criança.
P: Existem doenças que podem prejudicar a formação da fala? Quais são elas?

R: Muitos problemas podem prejudicar o desenvolvimento da fala. No caso da mãe, é importante que ela se cuide antes e durante a gestação para prevenir, por exemplo, a rubéola – doença que pode causar problemas cardíacos e visuais, além de auditivos. Na criança, má-formações e diversas síndromes, como tipos raros de epilepsia, podem dificultar o desenvolvimento da fala. Por isso, os pais devem sempre acompanhar de perto e observar como os filhos estão se desenvolvendo. Quanto mais cedo eles forem detectados, mais simples será a solução.


DICAS PARA ENSINAR SEU FILHO A FALAR BEM

Veja o que fazer e evitar para que o aprendizado da fala do bebê aconteça da melhor maneira:Amamente-o exclusivamente até os seis meses. O aleitamento desenvolve a musculatura facial que é essencial para uma boa dicção.Jamais tire sarro da maneira que ele fala. Isso pode desestimulá-lo.Responda aos balbucios de seu filho olhando para ele, para que entenda que existe um diálogo.Procure interagir sempre descrevendo o que está fazendo, ou algo que vocês vêem.Nunca fale por ele. Esse é um erro comum cometido pelos pais e avós que, no intuito de ajudá-lo, antecipam a situação, impedindo que ele diga o que quer.Fale as palavras do jeito que elas são, sem infantilizá-las. Assim, o pequeno terá a referência certa da pronúncia. Evite também as gírias.Caso ele pronuncie de forma errada, jamais o corrija de maneira ríspida. Basta repetir a frase ou a palavra correta na conversa.Consulte o pediatra caso perceba problemas respiratórios, como alergias ou adenóide aumentada que possam afetar a fala.Após os seis meses, introduza comidas pastosas e deixe a consistência cada vez mais sólida. Assim como a amamentação, a mastigação é importante.Brinque de estalar a língua e os lábios para fortalecer as musculaturas faciais.Cante e conte histórias.Caso mamadeira e chupeta sejam necessárias, opte por bicos ortodônticos e restrinja seu uso.A gagueira é normal até o 3o ano, por isso não faça piadas ou reprima-o.

CONSULTORIA: PROF. MARIA DE JESUS GONÇALVES, COORDENADORA DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO-SP.

Fonte São Camilo

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